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12º Domingo do Tempo Comum, Ano C

Atualizado: 14 de jul. de 2019

Quem dizeis vós que Eu sou? - O Messias de Deus!

A Liturgia da Palavra deste 12º Domingo Comum – C, apresenta-nos a Morte como Caminho para a Vida.


Cristo tem uma identidade pessoal que salva e revela; e uma missão a cumprir. Para revelar a Sua identidade e cumprir a sua missão, para salvar a verdade da Sua vida, está Ele disposto a tudo, mesmo a perder a sua Vida física.


A decisão «incondicional» e absoluta de ser Ele mesmo a cumprir a Sua missão a «qualquer preço» é o acto supremo de fidelidade (obediência) a Deus. O futuro do homem depende da cruz, a redenção do homem é a cruz.


E ele não se encontrará verdadeiramente a si mesmo de outro modo, senão permitindo o derrubamento dos muros da própria existência, voltando a olhar para o “transpassado”, e seguindo aquele que na condição de transpassado, de homem com o lado aberto, abriu o caminho para o futuro.


A 1ª Leitura do profeta Zacarias diz-nos que no dia em que o Senhor libertar o povo, este não deverá cantar de alegria, mas antes lamentar-se por não ter colocado o amor de Deus acima de tudo.


- “Lamentar-se-ão por ele como se lamenta um filho único e hão-de chorá-lo como se chora um filho primogénito”.(1ª Leitura).

Olhar-se-á este Deus a Quem as infidelidades, pecados e ingratidões dos homens fazem sofrer. E então implorar-se-á o Seu perdão, como quem deseja o próprio Deus.

Assim o proclama o Salmo Responsorial :


- “A minha alma tem sede de Vós, meu Deus !”

Na 2ª leitura, S. Paulo diz aos Gálatas, e hoje também a todos os baptizados, que em Cristo todos os homens são filhos de Deus pelo Baptismo.


- “Todos vós sois filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo. Pois quantos de vós recebestes o Baptismo de Cristo, fostes revestidos de Cristo”. (2ª Leitura).

As discriminações sócio-económicas, culturais, de sexo, de cor ou de raça, não mais têm lugar entre os homens, desde que seja bem entendida a mensagem cristã. O Baptismo destruiu, com efeito, todas as barreiras que separam os homens.


O Evangelho é de S. Lucas, e mostra-nos que Jesus aceita a confissão de Pedro.

- «E quem dizeis vós que Eu sou ? Pedro tomou a palavra e respondeu-Lhe : O Messias de Deus». (Evangelho).

Efectivamente Ele é o Messias, o Filho de Deus. Nem por isso deixa de chamar a atenção dos discípulos para o sofrimento que O espera e lhes está também reservado. Jesus incita os Apóstolos a dizerem o que pensam dele, da sua identidade e missão. Pedro responde : - “Tu és o Cristo de Deus”.


Os Apóstolos, reflectem a mentalidade corrente, entendem o Messias de modo diferente de como o entende Jesus. Eles pensam no Messias como poder. Jesus, porém, entende-o como amor. Se Deus é amor, abertura, comunhão, não há outro caminho para ele, Homem-Deus, senão o do amor. Mas é preciso acrescentar imediatamente : Jesus nos salva com aquilo que “faz”; e o que faz (a missão) depende da aceitação ou recusa da parte dos outros.


Jesus jamais poderá aceitar ser o que os seus compatriotas querem que ele seja. Será o que o Pai quer, a verdadeira imagem de Deus e a verdadeira imagem do homem, a verdadeira face de Deus e a verdadeira face do homem. Jesus sabe que a fidelidade a esta decisão, de ralizar o plano do Pai, num mundo dominado pelo pecado, lhe causará muito sofrimento, a recusa da parte do poder (anciãos, sumos sacerdotes e escribas) e, enfim, uma morte violenta.


Aceita livremente esta consequência da sua decisão, para não trair o amor fiel ao Pai e ao homem. Pode imaginar-se o drama da consciência de Cristo; encarrega-se de realizar uma vocação messiânica, pretende levá-la ao seu termo na mansidão e com os meios pobres, e vê que não poderá levar até ao fim a sua obra porque verá a morte antes da sua realização. E então? Sem dúvida Deus quer que se realize a missão messiânica de Jesus para além da morte. Deus não o abandonará na morte.


A morte violenta de Cristo tem duas faces : por um lado, revela a força do pecado, e por outro, a força do amor mais forte do que a morte. Paradoxalmente, a morte violenta de Cristo, enquanto acto de amor absoluto, é também a revelação de Deus ao homem e do homem a si mesmo. A morte de Cristo, enquanto acto de amor absoluto, é a “ressurreição do homem”, é a fonte da vida, porque a vida tem as suas razões no amor, uma fonte que a humanidade, consciente ou inconscientemente, atinge.


A Igreja será sempre a Igreja do «Filho do Homem» e não do triunfalismo, porque é por ela que Cristo continua a cumprir o plano da História da Salvação.


Diz o Catecismo da Igreja Católica :

153. – Quando Pedro confessa que Jesus é Cristo, o Filho de Deus vivo, Jesus declara-lhe que esta revelação não lhe veio «da carne nem do sangue, mas do Meu Pai que está nos Céus» (Mt.16,17).

552. – No colégio dos Doze, Simão Pedro ocupa o primeiro lugar. Jesus confiou-lhe uma missão única. Graças a uma revelação divina do Pai, Pedro confessara : «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo».

443. – Se Pedro pôde reconhecer o carácter transcendente da filiação divina de Jesus-Messias, foi porque Este lha deixou perceber nitidamente.


John Nascimento

Este texto apresenta grafia de Portugal.



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