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A devoção ao Sagrado Coração de Jesus

Sagrado Coração de Jesus e Santa Margarida Maria

A devoção ao Coração de JESUS foi tudo para a Santa: sua espiritualidade, sua vida. Uma vida em união com o coração amoroso e ferido de JESUS.


Isto significava sentir o que Ele sentiu, querer o que Ele queria, amar como Ele amou. Uma vida de amor, de união e de amorosa reparação.


Contemplar, descobrir o seu amor e responder a ele: Eis em síntese a espiritualidade que ela foi elaborando com a assistência do Espírito Santo na sua vida de monja no convento.


Destacamos algumas dimensões da sua vivência que viriam a influir na prática posterior da Igreja:


a - a imagem do Sagrado Coração com as chamas, espinhos, cruz, ou a imagem de JESUS mostrando o seu Coração. Para ela a imagem era um meio de propagar a devoção e de apresentar a mensagem do amor de JESUS.


b - A consagração ao Coração de JESUS: uma entrega completa de si mesmo a JESUS. A santa compôs alguns atos de consagração e exortou os outros a fazerem o mesmo.


c - A reparação: o Coração de JESUS está ferido. Seu amor é recebido com frieza. Ela quis amá-lo sem limites, expressando esse amor por todos os meios: sofrimentos, penitencia, comunhões.


d - Ainda podemos acrescentar a dimensão eucarística de sua devoção, a prática da Hora Santa, o amor ao Coração de Nossa Senhora.


SÉCULO XVIII: CONSOLIDAÇÃO E EXPANSÃO:


a - Consolidação: livros publicados e culto ampliado:

No meio de dificuldades a devoção vai se aprofundando e consolidando. Vários livros são publicados sobre a devoção e culto ao Sagrado Coração de JESUS. Destacamos o do Padre Croiset (1691), escrito por recomendação de Santa Margarida Maria, e o do Pe. Gallifet (1726). Os Papas prestigiam com indulgências as confrarias que se fundam por toda a parte em honra do Coração de JESUS: em 1698 eram 18; no ano seguinte 28; logo depois mais de 100.


Em 1765 o Papa Clemente XIII aprova a missa e o ofício do Sagrado Coração embora para praticar apenas na Polônia e na Arquiconfraria do Coração de JESUS de Roma, “entendendo ampliar um culto já instituído (vide Inocêncio XII em 1693) e renovar a memória daquele divino amor que levou o Filho Unigênito de Deus a tomar a natureza humana”.


Em 1794, em plena Revolução Francesa, O Papa Pio VI, com a Bula “Auctorem Fidei” deu um grande passo: Proclama que o coração de carne é o símbolo do amor de Cristo, e que o culto é dirigido à pessoa de JESUS.


b - Expansão, apesar das perseguições:

Igualmente em plena Revolução Francesa (1789-1799) fundam-se Congregações Religiosas com o nome do Coração de JESUS, que irão suprir a falta dos jesuítas: destacamos a Sociedade do Coração de JESUS pelo Pe Clorivièr, na França, Sociedade dos Padres do Sagrado Coração, na Alemanha, as Damas do Sagrado Coração. Nesta época a devoção ao Coração de JESUS na França tem numerosos mártires.


Os inimigos da Igreja pensavam que com a supressão dos jesuítas tinham dado um golpe mortal na devoção dos “cordícolas e alacoquistas” (assim eles chamavam aos devotos do SCJ). Entretanto ela estava viva debaixo da guilhotina (os devotos eram mortos por levar as insígnias do CJ), nos esconderijos dos perseguidos e nos campos de batalha napoleônicos. O Coração de JESUS cumpria sua promessa (3ª) de consolá-los nas penas. Espalhavam-se aos milhões imagens do Coração de JESUS como salvo-condutos, e convites para a adoração, reparação, consagração.


c - Em Portugal e no Brasil:

Em 1777, a rainha Maria I de Portugal obteve do Papa Pio VI que a festa do Coração de JESUS fosse dia de preceito no seu reino. E fez construir a Basílica da Estrela, a primeira no mundo em honra do Sagrado Coração, inaugurada em 1790. No Brasil a imagem do Coração de JESUS ornava o altar de muitas Igrejas.


O clima espiritual tinha sido preparado pelo Beato José de Anchieta (+1597) com seus escritos, pelos sermões do Mandato do Pe Antônio Vieira (+1697), pelos livros dos Padres Alexandre de Gusmão (+1753) e Antonio Maria Bonucci e ainda pelas missões por todo o Brasil do Pe Gabriel Malagrida (+1761), terminadas com atos de consagração, desagravo e entronização da santa imagem. Práticas que o nosso povo conserva até hoje.


SÉCULO XIX, “O SÉCULO DO SAGRADO CORAÇÃO”:


a - União com Cristo, consagração, entusiasmo pelo CJ:

Os jesuítas, depois de restaurada por Pio VII a Companhia de JESUS (1814) tomaram a sério seu encargo de propagar a devoção ao Coração de JESUS, e a Ele se consagraram oficialmente (1.1.1872) numa época em que os fiéis procuravam por todos os modos uma união com Cristo vítima.


União com Cristo, consagração, entusiasmo pelo SCJ: Um pouco pelo mundo todo os bispos consagram suas dioceses ao Coração de JESUS. Em 1833 as religiosas do mosteiro “Des Oiseaux” (França) celebram por vez primeira o “Mês do Sagrado Coração”.


Em 1856 Pio IX ordenou que se estendesse a toda a Igreja a Festa do SCJ (vide Clemente XIII em 1765). Prega-se, escrevem-se livros sobre o CJ. Quase todos os fundadores e reformadores de Congregações Religiosas da primeira metade do século XIX são devotos do CJ. No s. XVIII apenas quatro Congregações religiosas ostentam o nome do Coração de JESUS. No s. XIX se multiplicam: nascem pelo menos onze de homens e vinte de mulheres.


b - Nascimento do Apostolado da Oração:

Nesta época (1844) e neste ambiente de reflorescimento de associações religiosas fundamentadas na espiritualidade do CJ, nasce o AO em Vals na França, imbuído de fervor missionário. Impulsionado pelo Pe Ramière em pouco tempo invadiu o mundo com 30 milhões de associados.


Foi o Pe. Ramière que, nos seus escritos, explicou profundamente a doutrina do Apostolado da Oração e a essência da espiritualidade do Coração de JESUS, integrando-as, e dando assim consistência ao AO nascente. No Brasil, o Pe. Bartolomeu Taddei é considerado o fundador (ITU, 1871) e eminente pregador do AO e da devoção ao CJ em todos os estados do país. Com tanta eficácia que levou o cardeal D. Sebastião Leme a declarar: “O renascimento espiritual do Brasil é obra do AO”.


c - A revista MENSAGEIRO e a CONSAGRAÇÃO ao CJ:

Todo este movimento de espiritualidade foi animado no mundo pela nova Revista Mensageiro do Coração de JESUS. Junto com outras publicações promoveu a prática da consagração das famílias, paróquias, dioceses, cidades e nações ao CJ. Em 1875 Pio IX consagrou a Igreja universal; em 1899 Leão XIII consagrou o mundo e publicou a Encíclica Annum sacrum que abria o ano jubilar de 1900. E marcara a data de 11 de junho de 1899 para a reza da consagração em todas as capelas e igrejas do mundo inteiro:


“A nossos olhos brilha um sinal divino de vitória: o Coração de JESUS, encimado de uma cruz e cercado de chamas. Nele colocamos as nossas esperanças. Dele é que devemos esperar a salvação”.

d - Confrarias e Arquiconfrarias:

Para dar maior força a suas preces e viver mais intensamente a espiritualidade, os devotos do CJ se agrupam em confrarias e arquiconfrarias . Quase suprimidas pela Revolução Francesa no s. XVIII elas ressurgem com vitalidade no s. XIX. A Arquiconfraria do Sagrado Coração de Roma associa milhares delas surgidas no mundo inteiro.


e - Congressos Eucarísticos:

No s. XIX aparecem os Congressos Eucarísticos, os quais cultivavam especialmente o Coração de JESUS como Rei e Centro dos Corações no Sacramento do amor. Começaram em Tours (França) em 1874 por iniciativa da Srta. Marie Tamisier. No princípio eram diocesanos. Tornaram-se internacionais em 1881.


No Rio de Janeiro, em 1955, no 36º Congresso Eucarístico Internacional, o Brasil se consagrou ao Coração de JESUS pela voz de Nereu Ramos (presidente da Câmara) e dos ministros, sob o olhar de N. Sra Aparecida. Os Congressos Eucarísticos são magnífica expressão da íntima união entre o Coração de JESUS e a Eucaristia.

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