Mateus 28,19-20: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”.
Marcos 16,15-16: “E disse-lhes: 'Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado.
Diz o Catecismo da Igreja Católica :
1250. – Filhas duma natureza humana decaída e manchada pelo pecado original, as crianças também têm necessidade do novo nascimento pelo Batismo, para serem livres do poder das trevas e transferidas para o domínio da liberdade dos filhos de Deus, a que todos os homens são chamados. O dom puramente gratuito da graça da salvação é particularmente manifesto no Batismo das crianças. A Igreja e os pais privariam, desde logo, a criança da graça inestimável de se tornar filho de Deus, se não lhe conferissem o Batismo pouco depois do seu nascimento.
O Batismo das crianças
Embora na primitiva Igreja o Batismo começasse por ser administrado só aos adultos convertidos, há todavia uma certa evidencia no Novo Testamento de que também as crianças eram batizadas :
- "Porque Aquele que foi prometido, é para vós, para os vossos filhos e para quantos, de longe, ouvirem o apelo do Senhor, nosso Deus”. (Atos 2,39).
O Novo Testamento fala ainda do Batismo de "todos os de sua casa"...
- "Depois de ter sido batizada, com todos os de sua casa, (Lídia), fez este pedido” ... (Atos 16,15).
- “O carcereiro, tomando-os consigo, àquela hora da noite, lavou-lhes as feridas e imediatamente se batizou, ele e todos os seus. (Atos 16,33).
- “Batizei também a família de Estéfanas”. (1 Cor. 1,16).
O próprio Jesus sentia pelas crianças um especial afeto e dizia que era delas o Reino de Deus :
- “Deixai vir a mim as criancinhas, não as afasteis, pois a elas pertence o reino de Deus”. (Mc. 10,14.).
Embora a Bíblia não mande explicitamente que o Batismo seja administrado às crianças, também o não proíbe. A primitiva Igreja decidiu que o Batismo das crianças era legítimo. Esta evidência tornou-se considerável a partir do século III e, no século V o Batismo das crianças era já uma prática universal da Igreja.
Santo Agostinho explicava a importância do Batismo das crianças em virtude da Remissão do pecado Original. Os pais cristãos desejavam que seus filhos fossem batizados porque queriam que a sua salvação, a qual se operava pela sua participação na vida de Cristo conferida por este Sacramento, ficasse garantida.
A pergunta que normalmente se faz ainda hoje é a de como é que uma criança pode ser batizada, ou salva, sem uma pessoal e esclarecida Fé em Deus. Não será a Fé ainda o fundamento de uma genuína relação com Deus ?
A primeira coisa a considerar na resposta a esta interrogação é o desejo que Deus tem de salvar e partilhar a Sua vida com os seres humanos de todas as idades. Jesus nunca se recusou a abençoar ou curar, por razões de idades. Até recomendou que para nos salvarmos temos que ser puros como as crianças.
Entendemos assim que a salvação é um dom gratuito de Deus. Quando alguém batiza, é Cristo que batiza (SC, 7). Ele é o único que salva, pela Sua misericórdia e pelo Seu amor. O Batismo das crianças lembra-nos que nós não podemos Ganhar ou Merecer a salvação, mesmo com a nossa Fé.
A Fé torna-nos capazes de receber e aceitar o dom gratuito de Deus na vida com Jesus Cristo. A segunda coisa a considerar é que, no Batismo das crianças, há alguém capaz de acreditar em Deus, portanto, capaz de poder aceitar o dom da vida divina.
Os pais, os padrinhos e as testemunhas da comunidade da Igreja, acreditam em Deus e aceitam o Seu dom de uma nova vida em nome da criança quando ela é batizada. Esta Fé da Igreja está presente e é suficiente quando uma criança é batizada.
Segundo os Evangelhos, Jesus curou algumas crianças e até as ressuscitou, a pedido de seus pais. Foi pela Fé de seus pais que Jesus fez estes milagres, como o filho da viúva de Naim. (Lc. 7,11-17). O mesmo se diga do servo do Centurião que o Senhor curou pela Fé do Centurião. (Mt.8,5-13).
Pela mesma razão, isto é, pela Fé dos pais, dos padrinhos e de toda a Igreja ali presente, no Batismo de uma criança, Deus lhe concede o dom de uma vida nova e a torna seu filho adotivo, membro da Igreja e herdeiro da vida eterna.
Assim, o importante é que, ao apresentar uma criança para o Batismo, os pais e os padrinhos tenham fé, e se comprometam a ajudar aquela criança a guardar depois essa mesma fé, pela vida fora, pelo testemunho da sua vida. Este compromisso dos pais e dos padrinhos é uma realidade que deve dar muito que pensar.
O Catecismo da Igreja Católica diz :
1251. – Os pais cristãos reconhecerão que esta prática corresponde, também, ao seu papel de sustentar a vida que Deus lhes concedeu.
O Direito Canônico Cânon 867 diz que os pais devem mandar batizar os filhos, dentro de poucas semanas após o seu nascimento e que, se houver perigo, que sejam batizados quanto antes.
Isto é um assunto dogmático e não apenas uma simples legislação. Está em jogo a salvação de um ser humano. Jesus disse a Nicodemus :
- "Quem não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus” . (Jo.3,3)
Os teólogos baseiam-se nestas palavras para concluírem que os não batizados são excluídos do Reino de Deus. A lei que manda batizar as crianças pouco tempo depois do seu nascimento, além de chamar a atenção para um assunto dogmático muito importante, tem também a finalidade de ensinar aos fiéis que o dom ordinário do amor de Deus que todos os dias nos oferece a salvação, não deve ser desprezado.
John Nascimento